quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Aula 4 - sociais

CIÊNCIAS SOCIAIS

Curso de Direito
Unidade Pinheiros
1 e 2 semestres
Profa. Gisele Salgado

AULA 3

Transformações sociais no século XVIII
Revolução Francesa e Revolução Industrial


I) Revolução Francesa
• Revolução com mudanças nas idéias
• datação: 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799
• “A França forneceu o vocabulário e os temas da política liberal e radical-democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande exemplo, o conceito e o vocabulário do nacionalismo. A França forneceu os códigos legais, o modelo de organização técnica e científica e o sistema métrico de medidas para a maioria dos paises” .
• Crise no velho regime de governo, que era estabelecido em monarquias e privilégios de classes.
• Ocorreu na França, que era o país mais populoso e poderoso da Europa na época. Foi uma revolução social de massa com um caráter radical.
• Revolução Francesa tinha ideais que eram de âmbito global e não local, como fora a Revolução americana.
• Conflito entre as estruturas das velhas e aristocráticas monarquias absolutas e as novas forças sociais ascendentes (comerciantes, pequenos industriais)
• França pré-revolucionária dividida em classes:
o Nobreza: Primeiro estado (status). Gozavam de privilégios especiais, como a isenção de impostos e direito a títulos feudais. Dentro dela havia a pequena nobreza, mais recente e criada por meio de compra de títulos. Nobres não podiam exercer um ofício ou profissão. Nobres começavam a se empobrecer na França, devido às inflações constantes, dificuldade de obter dinheiro com pensões, presentes e casamentos, aumento com os gastos para manter seu status de nobre. Nobres empobrecidos conseguiam dinheiro extorquindo o campesinato.
o Clero: Segundo estado (status). Divido em alto clero e baixo clero.
o Campesinato: Formava o Terceiro Estado. cerca de 80% dos franceses. Pagavam tributos medievais, dízimos e taxas. Não conseguiam extrair da terra excedente para conseguir vender. Inflação diminuía o pouco lucro.
o Classe média (comerciantes, capitalistas, advogados), povo (pequenos lojistas, artesãos, trabalhadores pobres, famintos – conhecidos como os sansculottes): também faziam parte do Terceiro Estado. Tudo o que não era nobreza e clero, fazia parte do terceiro estado. O terceiro estado representava 95% da população francesa.
• Monarquia. Grandes gastos com luxo, porém os gastos com o financiamento da guerra americana e com a dívida advinda desta foram os fatores que mais abalaram a economia francesa na época.
• Revolução não teve grandes líderes, partido ou movimento organizado. Consenso de idéias gerais da Revolução Francesa dado pela burguesia, que tinham idéias baseadas no liberalismo clássico (de filósofos e economistas). Difusão das idéias pela maçonaria e associações informais
• Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - 1789. Declaração que expressa os interesses burgueses como: propriedade privada, igualdade dos homens perante a lei. Busca de um constitucionalismo, com um “Estado secular com liberdades civis e garantias para a empresa privada e um governo de contribuintes e proprietários” . Fonte da soberania da nação não é o rei, mas sim o povo. Segundo a Declaração o Direito passa a não ser mais o direito divino, mas sim o direito constitucional e o soberano deve cumprir essas regras.
• Crise econômica na França pré-revolucionária. Sobe o custo de vida, diminuição dos postos de trabalho. Convocação dos Estados Gerais para votação. Terceiro Estado é o que tinha mais pessoas em número, porém não tinha a mesma representação, pois os votos da nobreza e do clero, tinham mais peso por um número menor de pessoas.
• Queda da Bastilha, uma prisão estatal que simbolizava a autoridade real. Queda de um símbolo. 14 julho de 1789
• Revoluções campesinas
• Elimina-se os impostos medievais. Terceiro Estado, na parte aristocrática, assume os rumos da França. Problemas com a votação e a representatividade. Monarquia derrubada, rei morto. França se torna uma república.
• A revolução Francesa teve diversas fases: Início, Fase da Gironda, Fase do Terror


• Filmes indicados: Maria Antonieta, Danton: o processo da revolução, A marselhesa: crônica da Revolução Francesa



II) Revolução Industrial
• Revolução com mudanças na economia
• Não se trata propriamente de uma revolução, mas de um processo de industrialização.
• Nome foi cunhado com base na Revolução Francesa
• Datação aproximada: 1780-1840
• Inicio na Grã-Bretanha
• Desenvolvimento tecnológico e científico não foi o que moveu primeiramente a industrialização britânica
• Invenções modestas, com aprimoramentos simples nas máquinas já existentes, melhoraram a produção. Aprimoramento feito muitas vezes por artesões. Máquinas eram fáceis de instalar e relativamente baratas, especialmente as ligadas à indústria têxtil.
• Artesãos independentes, antigos camponeses trabalhavam a matéria prima nas próprias casas, que depois levavam isso as fábricas. Isso era chamado de sistema doméstico de produção. Esse sistema começou a decair com a expansão do método industrial. Pequenos artesões que utilizavam do sistema antigo começaram perder espaço e a se revoltar quebrando máquinas.
• Agricultura também estava preparada para suportar as exigências da industrialização.
• Indústria têxtil conseguia matéria prima do exterior, em que o algodão era explorado através da escravidão.
• Comércio na Revolução Industrial não buscava só um mercado interno, mas sim externo. Busca não só produzir para o local, mas sim exportar. Inglaterra exportava para América Latina, Índia
• Acúmulo de investimentos pelos comerciantes
• Paises da Europa também possuíam indústrias e maquinaria especializada, porém somente a Inglaterra realizou uma Revolução Industrial
• Inglaterra tinha economia forte e Estado
• Pequena burguesia e artesões começam a perder a condição de comprar máquinas e essas passam a ser propriedade de alguns ricos industriais
• Ciclo comercial de boom e depressão. Diminuição da taxa de lucro. Crises que afetavam os empregos.
• Mecanização da indústria faz com que menos pessoas estejam empregadas e com menos qualificação profissional, uma vez que a maquinaria pode suprir a especialização (trabalho de mulheres e crianças). Os salários também são ruins, o que possibilita mais lucros aos capitalistas
• Quando a taxa de lucro diminuía, os capitalistas cortavam custos, em especial os custos dos salários. Custos cortados pela diminuição dos trabalhadores e também pela substituição dos trabalhadores mais caros e qualificados.
• Indústria mais pesada, como as metalúrgicas, somente foram desenvolvidas no curso da Revolução Industrial. Precisavam de pesados investimentos à longo prazo.
• Mineração se desenvolveu largamente na Grã-Bretanha. Estimulou a criação das ferrovias. Máquinas a vapor para transporte. Novo meio de transporte para o escoamento de mercadorias para exportação. Diminuição do custo do transporte terrestre.
• Acumulação de capital das classes ricas permitiu um investimento nas ferrovias, que eram uma construção cara.
• Enquanto crescia o acúmulo de capital de uma classe rica e média que investia em indústrias, prédios, etc., crescia também a quantidade de famintos.
• Classe média vai colocar seus investimentos em investimentos estrangeiros. Empréstimos aos sul-americanos e norte-americanos.
• A Revolução Industrial foi possível graças ao aumento da população em geral, da migração da população do campo para a cidade e da possibilidade de alimentar mais pessoas na cidade com menos pessoas trabalhando no campo (possibilitado pela revolução agrícola)
• Novo ritmo de trabalho. Trabalhador passa a trabalhar muito para conseguir dinheiro para sobreviver. Emprego de mulheres e crianças, por serem trabalhadores mais dóceis e mais baratos. Utilização do subempregador. Condições precárias de vida, higiene e saúde dos trabalhadores.


• Filmes indicados: Tempos Modernos, Germinal, Daens: um grito de justiça


Obs: os pontos destacados nesse roteiro têm como base o livro de Hobsbawm, porém há uma enorme bibliografia sobre os dois temas, que podem ser vistos de múltiplos ângulos e foram estudadas pelos melhores historiadores. O objetivo do curso é apresentar para o aluno alguma noção da Revolução Francesa e da Revolução Industrial, para poder entender as teorias sociológicas.


Bibliografia.

HOBSBAWM. A era das revoluções (1789-1849). 9 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

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